Ele manteve-se firme, agarrou no que tinha e fez uma escolha em frações de segundo que transformou um confronto assustador numa retirada. Os guardas-florestais dizem que o método é básico, rápido de aplicar e apoiado por décadas de conselhos de campo.
Uma noite surpreendente na floresta
Nas Montanhas Rochosas canadianas este mês, um campista experiente, identificado apenas como Jean‑Marc, montou a tenda num recanto tranquilo acima de um riacho. O anoitecer chegava. O fogão chiava. De repente, um ruído forte cortou o silêncio do acampamento. Uma cabeça escura apareceu além do cone de luz, olhos a refletir como contas. O urso parou, cheirou o ar e aproximou-se.
Jean‑Marc não tinha arma de fogo. Mantinha o spray anti-ursos ao alcance, mas o vento soprava pelo vale. Precisava de uma ação rápida que não atraísse mais o animal. Escolheu o som.
O gesto simples que afugentou o urso
Agarrou um tacho de metal, elevou a voz e bateu uma colher de pau na borda. O som metálico ecoou pelo vale. O urso estremeceu, hesitou, depois virou para cima e desapareceu entre as árvores. Mantém o barulho durante um minuto inteiro, depois ficou em silêncio a ouvir. Nada voltou. Nenhum ramo partido. O acampamento ficou intacto.
Faça-se notar cedo. Seja barulhento, torne-se grande e dê ao urso uma saída clara. A maioria opta por ir embora.
Porque é que o som muda o encontro
A maioria dos ursos evita pessoas quando sabe que alguém está por perto. Acampamentos silenciosos atraem curiosidade, sobretudo onde persistem cheiros de comida. Ruído alto, brusco e imprevisível sinaliza perigo. Quebra o padrão de aproximação e elimina a recompensa de uma inspeção furtiva. O barulho também compra tempo, o que ajuda a pegar no spray, reunir parceiros ou recuar para uma linha de fuga segura.
Como ele agiu em segundos
- Manteve-se ereto e de frente para o animal, sem olhar diretamente para os olhos.
- Gritou com um tom firme e constante para mostrar confiança.
- Bateu no tacho ritmicamente para propagar o som pelas árvores.
- Manteve uma saída lateral clara, não recuando diretamente para trás.
- Parou após um minuto para avaliar e afastou a comida da tenda.
O que dizem a ciência e os guardas-florestais sobre ursos
Os serviços de vida selvagem pela América do Norte recomendam aos caminhantes que façam barulho nos trilhos, armazenem comida longe das tendas e evitem correr. Os ursos-negros, a espécie mais comum junto de acampamentos, geralmente recuam quando uma pessoa se impõe e mostra confiança. Os ursos-pardos são maiores e mais defensivos, especialmente perto de crias ou carcaças. Ambas as espécies preferem calorias fáceis e baixo risco.
Leia a situação pela espécie e postura
- Urso-negro: Corcunda de ombros mais pequena, orelhas altas, garras curtas. Muitas vezes faz ameaças falsas. Ruído e espaço costumam resultar.
- Urso-pardo/castanho: Grande corcunda, cara côncava, garras longas. Defensivo quando surpreendido. Dê mais distância e prepare o spray.
- Sinais posturais: Sopro e estalido de mandíbulas sinalizam stresse. Cabeça baixa e orelhas para trás sugerem possível investida.
- Com crias: Afaste-se devagar, em diagonal. Nunca fique entre uma fêmea e as crias.
Nunca fuja. A fuga repentina pode desencadear perseguição tanto em ursos-negros como pardos.
Passos práticos para campistas nesta época
Comida, odores e disposição do acampamento
- Cozinhe a 60–100 metros da sua área de dormir, sempre que possível.
- Use recipientes ou cacifos resistentes a ursos; pendure alimentos só onde não sejam obrigatórios os recipientes.
- Guarde lixo e pasta dos dentes em sacos anti-odor, junto à comida, nunca na tenda.
- Lave utensílios de imediato e despeje águas usadas longe do acampamento.
- Mantenha cães à trela; soltos podem voltar com um urso atrás.
Ferramentas que ajudam sem arma de fogo
Os dissuasores funcionam melhor em camadas. O som denuncia a sua presença. O spray impede aproximações perigosas. Barreiras protegem acampamentos base em zonas conhecidas por ursos. Escolha ferramentas conforme o terreno, o vento e o tamanho do grupo.
| Dissuasor | Alcance efetivo | Melhor uso | Cuidado |
| Ruído alto (voz, tachos, apito, buzina) | Linha de audição | Alerta precoce e durante aproximações não agressivas | Pode atrair curiosidade se houver comida exposta |
| Spray anti-urso (capsaicina) | 3–9 metros | Defesa de curta distância durante investida ou aproximação persistente | Vento reduz eficácia; requer acesso rápido e prática |
| Cerca elétrica (portátil) | Perímetro | Protege reservas de comida ou acampamentos remotos | Peso, tempo de montagem, manutenção da bateria |
| Petardos/pirotecnia para ursos | Audição à distância | Negação de zona em campo aberto | Risco de incêndio e legalidade variável por região |
Treino, exercícios e ensaio mental
As competências mantêm-se se as praticar. Exercícios curtos desenvolvem respostas calmas sob stresse. Também revelam falhas no equipamento antes da primeira noite.
Faça uma simulação de dois minutos antes de sair
- Arrume o acampamento conforme planeado. Coloque comida, fogão e saco-cama como faria no exterior.
- Programe um temporizador. Ao apitar, agarre no spray ou buzina, assuma uma postura estável e projete uma voz firme.
- Toque três vezes no seu gerador de ruído, depois pare para ouvir.
- Repita com luvas e com lanterna de cabeça para simular condições noturnas.
Ruído, distância e acampamentos limpos previnem a maioria dos encontros perigosos. Preparação transforma pânico em plano.
Contexto para leitores do Reino Unido e da Europa
A Grã-Bretanha não tem ursos selvagens, mas caminhantes britânicos viajam muito. Muitos vão para o Canadá, as Rochosas dos EUA, os Alpes ou a Escandinávia. Os ursos-pardos vivem em partes da Finlândia, Suécia, Noruega, Roménia e Pirenéus. As mesmas regras de base aplicam-se no estrangeiro: faça-se notar, mantenha a comida segura e leve o dissuasor adequado, conforme as regras locais. Aconselhamento local pode variar, por isso confirme regras regionais sobre sprays ou pirotecnia antes de viajar.
Viajar em grupo reduz riscos. Pares ou trios fazem mais ruído e identificam sinais mais cedo. Fale ao caminhar por vegetação densa. Bata palmas em curvas cegas. Procure pegadas, fezes ou troncos partidos. Sinais frescos exigem abrandar e planear rotas de fuga entre árvores e rochas.
Uma visão realista sobre o rótulo “à prova de falhas”
A tática do tacho e voz funcionou para Jean‑Marc porque o urso aproximou-se por curiosidade, não para defender crias ou comida. O ruído não resolve todos os casos. Funciona sobretudo na fase inicial da aproximação, quando o animal pondera opções. Se houver investida a curta distância, o spray tem o melhor registo. Com pouca visibilidade, afaste-se, ganhe distância e redefina a situação.
Crie sempre uma margem extra. Acampe contra o vento do local de cozinha. Mantenha lanterna de cabeça e buzina ao alcance durante a noite. Crie hábitos que funcionem automaticamente quando sentir medo. Pequenas escolhas, somadas, determinam o desfecho muito antes da pata tocar na agulha de pinheiro à beira da sua luz.
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